Os erros e acertos do Bike Rio

São nove da manhã e há seis bicicletas disponíveis na Estação Serzedelo Corrêa, em Copacabana, um dos 60 pontos de aluguel de bicicletas do programa Bike Rio. Estão devidamente trancadas em seus dispositivos, esperando que moradores e turistas as utilizem. Mas como retirá-las? É o que se perguntava um casal em frente à estação, um pouco frustrados com a falta de informações. São turistas paranaenses que haviam ouvido falar na iniciativa, muito parecida com a que experimentaram ano passado em Paris (a Vélib), só que com muito mais facilidade. Um painel dava algumas informações, que envolviam ligar para um telefone e fazer um cadastro em um site. “Mas eu só queria dar um passeio de meia-hora”, protestava o marido. Precisava se cadastrar na internet só para isso?”

De fato, não há possibilidade de fazer uma operação mais simples, como pagar diretamente no cartão, como acontece na França, ou inserir notas de dinheiro. Um turista, que se identifica como colombiano, aparece com um celular na mão, faz uma ligação e, logo em seguida, consegue retirar uma das bicicletas alaranjadas, cujas traseiras exibem um imenso logo do Itaú. Não demora muito para que o casal o cerque e peça informações. Assim como um outro casal que já fez o cadastro na internet, mas não está conseguindo destravar os veículos. Logo em seguida, um outro senhor se aproxima e pergunta ao colombiano: “Só os clientes do Itaú podem usar a bicicleta?” Um erro compreensível visto o tamanho extravagante do anúncio comercial.

Toda esta situação ocorre em apenas 5 minutos. Basta apenas ficar mais meia-hora observando o movimento na estação para presenciar muitas cenas como esta (nesse período, aliás, nada menos do que três pessoas perguntaram se as bicicletas eram exclusivas dos clientes do banco citado). Como se vê, o sistema Bike Rio atrai curiosos, mas, mesmo implantado há quase três meses na cidade, ainda intriga um pouco. As indicações nos painéis são insuficientes e confusas. Muitas dos potenciais usuários que passavam por lá não sabiam que poderiam usar, por exemplo, de forma avulsa, pagando 5 reais. Mas se nem mesmo alguns moradores sabem como funciona, imagine ser um turista de passagem por Copacabana e achar que é obrigado a se cadastrar em um plano mensal para poder dar um passeio?

Na verdade, o sistema via internet se justifica para evitar vandalismo ou deterioração do equipamento de uma interface física, com painéis ou teclados. De acordo com os números da Serttel, empresa que ganhou a licitação, o índice de vandalismo (uma bicicleta roubada e pequenas avarias, como o roubo de selins e pedais, entre outros) é inferior ao que ocorreu na Europa, no início dos projetos. Outra justificativa para o sistema via internet e aplicativos para smartphones é a economia de energia.

“O sistema europeu inclui telas e teclados sujeitos a vandalismo e que consomem muita energia elétrica, o que inviabiliza o sistema sustentável de energia solar”, argumenta Angelo Leite, presidente da Serttel, acrescentando que o sistema não necessita nenhum aperfeiçoamento.

“O sistema é de ultima geração e é muito bem aceito pelos usuários. A tecnologia é 100% nacional, 100% sustentável , 100% wireless e foi reconhecida pelo portal de noticias da CNN por suas características ‘high tec’“, disse Leite.

Estatísticas de adesão

Até o dia 4 de janeiro, a Serttel havia contabilizado 21.519 passes mensais e 25.376 cadastros. Nem todos os usuários, porém, se mostram 100% satisfeitos. É o caso do carioca Hélio Brum Júnior, um terapeuta que usa o Bike Rio diariamente para se deslocar até a casa de pacientes.

“Eles não relatam os problemas que acontecem, não há uma maneira fácil de o usuário se comunicar com a empresa e dar um feedback”, reclama.

Entre os transtornos, Brum diz que já pegou bicicleta com problemas nos freios, com o ajuste do banco quebrado, e até sem pedal. Outro dia, tentou fazer a retirada, mas o sistema estava fora do ar por excesso de chamadas. Aos domingos, também sofre com o excesso de camelôs em volta das estações, quase impossibilitando o acesso às bicicletas. Mas o pior foi quando foi devolver o veículo em uma estação sem saber que esta ainda não havia sido ativada. Como não havia nada que avisasse ou indicasse isso, o sistema não computou a devolução.

“Mesmo assim, aprovo a ideia e o sistema”, diz. “Uso sempre, faz bem para minha saúde”.

Uma das grandes queixas dos usuários são as estações vazias, onde é muito difícil achar uma bicicleta disponível. Segundo Leite, o sistema via internet é essencial para evitar que certos bicicletários mais populares fiquem vazios enquanto outros, menos usados, tenham bicicletas demais.

“Como o relacionamento dos usuários com as estações ocorre por meio da internet, o sistema opera em tempo real, diferente dos europeus, que trabalham com atrasos de até dez minutos, logo o gerenciamento do projeto alarma na central quando a estação está com menos de 20% ou mais de 80% das suas posições ocupadas”, explica Leite. “Essa informação vai direto para terminais móveis usados pelos técnicos de campo, que fazem o remanejamento das bicicletas. Além disso, o sistema gera uma base estatística que orienta os nossos técnicos como reposicionar as bicicletas antes do início de cada dia de operação, considerando as concentrações de fluxo das pessoas nos horários de pico”.

Mesmo assim, o estudante João Pedro Marteletto quase nunca encontra bicicletas na estação perto da sua casa. Ele, aliás, passou por uma experiência conturbada recentemente, que gerou vários erros em sequência. Primeiro, chegou a uma estação cuja representação no mapa estava errada, que a indicava na Francisco Otaviano, quando na verdade se encontra no calçadão da praia, depois do Parque Garota de Ipanema. Depois de uma longa espera para liberar a bike por telefone, foi “premiado” com os dois freios quebrados.

“O pior é que não dava para devolver, pois devolvendo tenho que esperar 15 minutos para ser autorizado a pegar outra, que ainda por cima poderia estar com o mesmo problema”, conta. “Além disso, não há nenhuma maneira clara para eu contactar a assistência técnica e informar o problema na bicicleta, eles têm que descobrir por telepatia”.

Mas a experiência ruim ainda não havia acabado. Mais tarde, no mesmo dia, Marteletto voltou para liberar outra bicicleta, mas o sistema não o autorizou. Depois de mais um tempo no telefone, descobriu que a devolução do veículo anterior não havia sido notificada.

“Ligando para o atendimento ao cliente, descobri que ainda estavam contabilizando o uso da bicicleta porque a estação Siqueira Campos estava fora do ar devido às chuvas. Disse a eles que deveriam colocar um aviso, mas a atendente explicou que não deu tempo, já que o desligamento era recente. Mas o desligamento havia acontecido no dia anterior! Disseram-me que o que foi cobrado no cartão será devolvido, mas ainda estou no aguardo”.

Sob a ótica oficial

Apesar das reclamações, a prefeitura está avaliando o projeto como “bastante positivo”.

“Esse modelo é diferente do que existia anteriormente, e temos percebido grande aceitação entre os cariocas”, sublinha Carlos Roberto Osório, secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos. “Esperamos estimular ainda mais a utilização da bicicleta como um meio de transporte modal na cidade, disponibilizando estações concentradas em pontos estratégicos e uma tarifa de aluguel mais barata. Além disso, as novas travas e pinos de fixação reforçam o sistema de segurança, para dificultar o furto das bicicletas. Outro fator importante é que a tecnologia utilizada é muito melhor e mais eficiente”.

As estações da Bike Rio ainda se concentram na Zona Sul e pontos turísticos. A ideia é expandir para outras áreas da cidade mas, para isso, precisa aumentar a malha cicloviária.

“Estamos em fase de análise para as próximas etapas”, informa Osório. “A Prefeitura do Rio está aumentando a malha cicloviária e vamos dobrá-la até o final do ano que vem, chegando a 300 km, de forma integrada e planejada. A implantação do projeto Bike Rio, com tecnologia de ponta, vai nos ajudar a incentivar ainda mais o uso das bicicletas. Com isso, além da questão da mobilidade urbana, estamos trabalhando também em prol da sustentabilidade. Esperamos que outras cidades sigam o exemplo do Rio.”

Por Bolívar Torres – Opiniões e Notícias

10 Comentários

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10 Respostas para “Os erros e acertos do Bike Rio

  1. Oi Rodrigo Vitorio,

    Eu quero fazer uma aposta com você até o ano de 2016, e que tudo que estamos falando, vai cair no vazio. Sabe o que há por trás de tudo isso? A Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos 2016. Principalmente, em se falando dos Jogos Olímpicos que o Rio de Janeiro será a sede do evento. Todos sabemos que o Rio não tem estrutura para a atender a demanda mais de 20 milhões de pessoas vindas de fora que ficarão no mínimo de quinze a 1 mês na cidade, Estou falando por baixo, nacional e internacionalmente. Só os 50% da rede de hotelaria de Copacabana já estão comprometidos com a reserva para os cartolas e equipes da COI. Olha que não estou falando da Copa e da FIFA, por enquanto. E como absorver o número tão grande de pessoas que irão se locomover por toda parte dos bairros, principalmente, os da zona sul? Por enquanto, se pensou na diminuição de números de carros, é na construção das linhas de metrô e mais uma linha para a colocação de transportes alternativos. Só para você sentir, quanto tem os megaeventos na praia de Copacabana, olha que é queixa dos moradores, para se chegar a cinco quarteirões leva-se uma média de 55 minutos a uma hora e vinte minutos de bicicleta. Aí, vamos olhar para o outro lado. Você vê alguma grande empresa como a Caloy ou de outra marca de bicicleta fazendo parte de todas a campanhas publicitárias da Prefeitura e do governo do estado? Não, Você verá as grandes empresas bancárias a Globo, a Petrobrás e ONG´s bichadas. E pior, a Nissan. A Nissan, recentemente, recebeu do governo do estado, uma área gigantesca e todos os benefícios fiscais para o seu funcionamento em 2017, O protocolo de intenções com o governo para a instalação de uma fábrica em Resende já foi assinado juntamente, com a ,aprovação em discussão única, do projeto de lei 940/11, do Poder Executivo, que concede tratamento tributário especial à Nissan do Brasil. E o ato foi realizado no Palácio Guanabara, e não foi divulgado para a imprensa, isto é, ou a imprensa não quis divulgar, ou que acho impossível de não saber. Como diz o próprio governo, a política é a arte do impossível. Quanto, o que te falei do prejuízo lá na frente, é que tudo que está sendo incentivado, simplesmente, está sendo manipulado para enganar a população. E a verdadeira intenção, não de incrementar o uso das magrelas, e sim, de colocar mais carros na rua. E quem vai comprar futuramente, esses veículos de transporte, a classe A e B, e não a C Consegue me entender, aonde eu quero chegar? A classe C já está fazendo a sua parte em pedalar há muito tempo. O porteiro do meu prédio mora na Rocinha, e vem todos dias trabalhar com a sua bike.Ninguém falou a ele, na preservação da natureza ou por ser bom para a saúde. Ele faz por economia. O dinheiro que gastaria em passagens, economiza para a sua família.
    Você viu, ontem a reportagem da Globo, sobre a Toesa e a Locanty? Qual é o interesse da mídia globalizada que está atrelada a tudo em fazer a denúncia? É por dever cívico ou por que está fora da panela? Me engana que eu gosto. hehehehe.
    No seu facebook, depois te encaminho as fotos que tirei sobre o Projeto “Viajando pelo Mundo de Bicicleta”..

    • Realmente, concordo com tudo o que você falou!
      Você está certíssima(o)!
      Todo o sistema que vem sendo discutido pelo menos em parte do poder público é sempre visando os grandes eventos, e é mais do que sabida a total falta de infraestrutura da cidade em todos os níveis para recebe-los!
      Quero deixar clara a minha posição aqui favorável à realização dos eventos, por entender que (pode ser que eu esteja enganado – espero não estar) no final das contas, algo positivo pode ser tirado em benefício da cidade como um todo, independente dos beneficiários serem da clace a, b, c, d, e, f, g, h!
      Quanto à indústria do automóvel e do petróleo, penso que isso seja outra discussão! A questão pacificada é que em termos urbanísticos, o uso do automovel é extremamente nocivo para a qualidade de vida e sustentabilidade em qualquer cidade, especialmente as grandes, como no caso da RM do RJ.
      Considero um absurdo a cultura do automóvel e do uso do petróleo, no entanto, não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que a grana vinda do pré-sal será muito bem vinda par ao meu país! Embora pessoalmente eu tenha plena consciência de que o melhor uso para o petrólo do pré-sal é deixa-lo quietinho onde está.

      Em relação ao projeto Bike Rio especificamente. Este projeto é relativamente novo em qualquer lugar do mundo, mas encontra-se maduro na Europa, pelos exemplos existentes em Paris, Barcelona e Londres (os maiores e mais abrangentes), e pela minha experiência em Londres e Paris utilizando o sistema, comparando com o que foi implantado aqui no Rio.

      Estes sistemas já demonstraram serem viáveis apenas com a participação da iniciativa privada, pois não visa gerar lucro para quem o administra, tendo em vista o elevado custo de implantação e manutenção. Portanto, sem um patrocinador, acredito ser inviável a sua implantação.

      Medidas como essas estão sendo implantadas em grandes cidades.
      Para você ter um exemplo, o Rio hoje é pioneiro na américa latina, temos 60 estações em atividade com 600 bicicletas disponíveis. São Paulo lançará em abril um sistema similar, começando com 400 estações e 3000 biciletas, e simplesmente engolirá o sistema do Rio! São Paulo então, passará para a vanguarda e fará o “teste” na “cultura” brasileira. Conheço São Paulo e aposto que o sistema vai dar muito certo lá, especialmente pela abrangência inicial (400 estações).

      Nos EUA o projeto ainda engatinha, atualmente a maior cidade que conta com o sistema é Boston, que, assim como o Rio, conta com 60 estações e 600 bicicletas. Nova York já anunciou que no dia 24 de junho vai lançar o seu próprio sistema, com 600 estações e 10.000 bicicletas, inicialmente!

      Portanto, ficarei muito triste se o Rio desperdiçar essa oportunidade, acho muito gostoso e prazeroso me locomover pela cidade de bike, e com certeza o sistema é perfeito para isso! Ir de Botafogo para Copacabana de bicicleta é muito mais rápido e agradável do que de ônibus ou metrô! Imagina aqui no Centro? Sou advogado e certamente usaria a magrela para sair do Forum na Erasmo Braga para ir até o TRT no Lavradio! E creio que muitos colegas e cidadãos fariam o mesmo! São distâncias longas para se percorrer a pé, e pequenas para justificar o uso de qualquer outro meio de transporte (atualmente utilizao o ônibus gratuito da OAB, que demora 40 minutos para passar as vezes, de bicicleta eu faria o percurso em 5 minutos, a pé eu demoro 25 minutos) – usando transporte público eu pagaria passagem e ficaria preso no engarrafamento.

      Portanto, na condição de cidadão e usuário de um serviço, não me importo se ele é ou não patrocinado por um banco ou por uma fábrica de bicicleta ou de chocolates, ou se é 100% subsidiado pela Prefeitura/Gov. do Estado, quero mais é que o serviço esteja disponível e que atenda ao maior número de pessoas na cidade.
      Mas afirmo que as bicicletas são todas “made in Brazil”, mas não sei qual é o fabricante, vou pesquisar.

      Quanto aos dados que eu disse, segue abaixo os links com as fontes:

      http://bike-sharing.blogspot.com.br/ – Este blog funciona como um banco de dados do sistema de locação de bicicletas pelo mundo, há links para os administradores dos sistemas em cada cidade e um mapa mundial, bastante interativo, indicando as operações em cada lugar, repare nesse mapa como este sistema está presente em grande parte da Europa (exceto Portugal), e há pouquíssimos nos
      EUA e no Brasil.

      http://brasil247.com/pt/247/ecologia/44539/S%C3%A3o-Paulo-ter%C3%A1-sistema-de-loca%C3%A7%C3%A3o-de-bicicletas.htm – Notícia anunciando a implantação em abril, do sistema de locação de bikes em Sampa.
      Neste há uma briga entre o Itaú e o Bradesco para saber qual deles vai “patrocinar”.

      Portanto, ainda é tudo muito recente, mesmo na Europa, o Vélib, que inspirou os demais, funciona desde 2007, e é um dos sistemas que mais sofrem com furto e vandalismo, mesmo assim, conta com 1.450 estações e 20.700 bicicletas.

      O de Londres funciona desde 2010, e contava com 400 estações e 7000 bicicletas, e recentemente (08/03/2012), foi expandido para a zona leste da cidade, que ganhou mais 200 estações!

      Então, pelo andar da carruagem, eu realmente creio que vamos nos acostumar com este novo elemento no mibiliário urbano das grandes cidades, e fico muito feliz por isso, pois realmente é uma forma muito boa de se locomover, independente da iniciativa ser verde e sustentável, é rápido, eficiente e sobretudo agradável.

      Eu vou aceitar a sua aposta! Espero que em 2016 o Rio tenha pelo menos 600 estações e umas 7000 bicicletas! 😉
      Mas temos discussões mais urgentes e mais relevantes em relação à mobilidade, principalmente quanto ao traçado da linha 4 do metrô! Mas isso é outro tópico! 😉
      Abraços.

      Rodrigo Vitório

    • Olá Rodrigo,

      Como vai? Essa semana fiquei um pouco atarantada por muitas questões do bairro que é uma virgília permanente e com o casamento da ex-tesoureira da associação. Bom… Entrando na questão dos eventos que você se coloca favoravelmente. Coloco de antemão que não só a entidade e eu, pessoalmente, sou contra. Entendo que uma área densamente habitada de mais de 147 mil habitantes, e sem contar com mais de 300 mil pessoas, que considera-se, população flutuante, o bairro de Copacabana, acaba sofrendo um grande impacto com a entrada de milhões de pessoas. É um processo de degradação e destruição muito grande. O meio ambiente urbano ecologicamente equilibrado tem que ser mantido, assim, como a praia, as areias, as praças, os parques, os calçamentos, enfim, tudo que está inserido equilibradamente saudável dentro de um bairro. Não sei de que bairro você é, mas ninguém de sã consciência gosta que esses megaeventos que nada acrescenta culturalmente, venha destruir do pouco que temos, a paz, o lazer gratuito e a interação familiar. Aí é que deve entrar o poder público com a comunidade para sugerir uma medida mais eficaz, como é o caso da conscientização das bike´s. Ontem, recebi, um convite da Secretaria Estadual de Cultura para a inauguração da primeira parte do Museu da Imagem do Som, instalado na Av. Atlântica. Uma ideia que a população tem que abraçar para que a verdadeira cultura e a memória do país se faça presente. Megaeventos, não é cultura. É simplesmente, uma forma para atender os grandes empresariados e os grandes interesses econômicos. Me dói muito, ver músicos que tiveram grandes projeções, virem na base de subvenções do dinheiro público, do qual a verba poderia ser aplicada em projetos para a juventude, os idosos e pra própria comunidade.
      Continuo afirmando que sou favorável a permanência das bike´s, serei a mais fiel defensora. Mas não em termo do que está sendo usado, caro e sem estrutura para o atendimento da demanda que está por vir . Oxalá, que a ideia seja um Projeto de Estado para durar toda a vida, e não, Projeto de um só governo, que ao apagar das luzes, desapareça para dar lugar a outra ideia mirabolante vinda de um outro governo e da Europa.

      • Olá!
        Eu entendo como são problemáticos esses megaeventos! E realmente devo te dar razão (mais uma vez), em relação à situação especial quanto ao bairro de Copacabana.
        Eu sou de Botafogo e sofro na pele os mega-transtornos quando acontecem mega-eventos na enseada! O último da Igreja Universal conseguiu me fazer surtar! Nem do meu apartamento eu consegui sair, pois tinha ônibus estacionados em fila dupla na entrada da minha garagem!
        Agora em relação à Copa do Mundo e Olimpíadas, você está falando de milhões de visitantes… é isso tudo mesmo?? Eu devo estar realmente mal informado, pois a idéia que eu tinha é de que viriam sim, muitos turistas, óbvio, mas não tantos mais como recebemos no Reveillon e no Carnaval, afinal de contas são eventos caros e com quantidade limitada de ingressos. Imaginei que a cidade como um todo conseguiria suportar.
        Mas penso basicamente em termos de Botafogo e Centro, vocês em Copacabana e Ipanema sofrerão muito mais, pois são os bairros que mais acomodam os turistas, não só em razão da vasta rede hoteleira, mas também em razão das facilidades e amenidades que atraem esse público.
        E ainda, como esses eventos vão ocorrer, na baixa temporada, ou seja, meses de junho ou julho, de repente nem vai ser essa movimentação toda de praia.
        Eu continuo a favor das Olimpíadas e da Copa, pois, colocando na balança os prós e os contras, com as informações que eu tenho (que obviamente não são incompletas, sou um cidadão comum e com acesso limitado à informação – muitas vezes limitado à minha própria preguiça, confesso).
        A visibilidade do país e especialmente do Rio de Janeiro no exterior vai ser fabulosa, e pelo que eu tenho notícia, toda a cidade que foi sede de uma olimpíada recebeu muitas melhorias em sua infraestrutura.
        Abçs.

      • Oi Rodrigo Vitorio,

        Você leu hoje o jornal O Globo a primeira página? Só pra você sentir a barra do desespero do Prefeito Eduardo Paes, que pede a boa vontade da população em hospedar as pessoas que virão para o RIO + 20. E olha que vai ser, talvez, com o prognóstico de 50 mil visitantes. Que duvido muito. Tem também o Encontro da Juventude em 2013 que o Rio receberá em torno de mais de 2 milhões. Então imagine, um evento desportivo internacional como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo? Não vai ser fácil, e o que mostra que não estamos preparados por enquanto, em receber um grande número de pessoas. Apesar que no Brasil, os meses de junho e julho é inverno, mas é quase verão com muito sol. O frio mesmo, começa apertar pro final de agosto até outubro. Enquanto, nos Estados Unidos e na Europa é verão. E os turistas aproveitam para viajar. O estado americano do Hawai que o diga, que recebe cerca de 10 milhões de turistas no verão. Digo isso, pela minha filha que estudou três anos. E como ela diz, é uma P… estrutura voltada ao turismo em que a população e os próprios estudantes estrangeiros trabalham como voluntários, tanto, do recebimento aos turistas em suas casas e como guias. Na primeira semana de sua ida ao Hawai, ela entrou através de uma entidade associativa e igreja para aprender a língua nativa e a dança. Fora que aprendeu a geografia, a história das ilhas e a cultura do povo havaiano. E depois disso, os hotéis a requisitava nos finais de semana para atender os brasileiros e os outros turistas latinos. Ela ficou na Ilha de Mauí, e como lá não tem ônibus, é tudo feito em kombis ou de bicicletas. Mas enfim… Fica como lição pra gente.
        No bairro de Botafogo tem uma associação de moradores que também luta pela melhoria da qualidade de vida da comunidade e do bairro. Costuma entrar com várias petições para a salvaguarda da Enseada, pois é, a entrada da Baia da Guanabara. Como esses eventos evangélicos estão sendo hostilizados por todos, estão indo para a Praia do Flamengo, especificamente, para o lado do Monumento dos Pracinhas que acho um crime e um desrespeito ao mortos da segunda guerra e ao próprio patrimônio cultural. Como lá, a associação de moradores defende mais o seu próprio interesse, a comunidade e o Aterro do Flamengo acabam sofrendo. Mas a gente quando tem oportunidade entra com Ação Civil Pública.
        O Rio de Janeiro já tem visibilidade no exterior há muito tempo, e não precisa destes eventos pra ser conhecido. O pior disso tudo, se algo sair errado, os cariocas passarão vergonha por maledicência dos grandes órgãos desportivos ou dos próprios turistas estrangeiros. É o ônus que se paga pela fama. .

  2. Oi Rodrigo Vitorio,

    Eu não tenho nada contra da utilização das bike`s como um elemento modal a ser incentivado, e que como você falou, que não existe. Não sou uma pessoa xenofóbica, achando que tudo que vem de fora, não pode ser aplicado no Brasil. Acho que as boa ideias são bem vindas. Assisto o programa, que acho que na BAND, O MUNDO VISTO PELOS BRASILEIROS, que acho excelente, por mostrar todas as nuances urbanísticas. paisagísticas, turísticas, culturais de vários países. Nem tudo é flores. Mas se falando em relação, dos transportes de massa, em que entra a bicicleta como o instrumento de sustentabilidade, de lazer, de trabalho, de estudo e de economia, tanto a Europa, o Japão e a China estão extremamente organizados. Pequenos empresários já alugam ou compram espaços para a aguarda, e cobrando um preço irrisório com toda a preocupação de atender bem os ciclstas. O governo destes países incentiva o seu uso, em que em sua contrapartida, os veículos automotivos não são mais incentivados.
    Só que aqui não acontece isso. E que acontece no Brasil, abre-se fábricas de carros em tudo que estado federativo, e mais carros irão pra rua. O problema maior que as coisas são feitas de uma maneira oportunista, tanto, do poder público como dos grandes empresários. A troca de interesse que vai nos incomodar lá na frente. A população é tomada de surpresa sem que haja um controle, um planejamento e de uma fiscalização quanto a logística que é montada. Nós temos hoje em dia, um veículo televisivo que todos nós sabemos quem é. E que dá o tom de como o usuário tem que agir e se comportar, sem aplicação de normas, regulamentos e até de Leis municipais e estaduais . É aí, que vem a questão elitista. Não é o cidadão comum, com a sua velha bicicleta e que depende dela para trabalhar, e que a mídia e o empresário estão preocupados. Quem usa a bicicleta para o trabalho, em sua maioria é a classe pobre. A classe média e a alta, em sua maioria jovens que usam para o lazer, e é são elas que o Banco Itaú tem interesse de atender.
    Alguns anos, houve a iniciativa do Deputado Federal Edson Santos, na elaboração do Estatuto do Pedestre, que entrava a questão, das bicicletas nas calçadas, que acabou sendo engavetado. Eu mesma, já fui atropelada por uma delas, que vinha do lado contrário. É isso que gostaria que você entendesse. Coloca-se todo um aparato, e dizem a todos nós, deixem os carros na garagem, e vá de bicicleta. Tudo bem, e aí? Aonde é que entra o Código Nacional de Trânsito? Aonde entra a punição para os infratores? Aonde é que os usuários vão pedalar? Aonde que entra a Lei para a normatização e que dê segurança aos ciclistas? Não temos nada disso. O cidadão de uma maneira geral fica perdido, e acontece o que vimos na televisão, o abuso criminal dos motoristas que matam e atropelam os ciclistas.. As coisas ficam a lá vonté do interesse público. E o Povo se quiser, que acompanhe. O comentário que fiz, enquanto, cidadã e entidade associativa foi com objetivo da salvaguarda e proteção aos ciclistas ao Ministério Público. O papel do MP não é punir ou de acabar com a iniciativa. Mas é de ir ao poder público de cobrar e dar garantia a todos vocês. Se o poder público não faz, alguém tem que fazer.

    • Olá, obrigado pela resposta!
      Eu compreendo o seu ponto de vista e concordo com ele.
      Mas gostaria de acrescentar algumas azeitonas na empada, para o papo ficar bom, se vocês me permitem.
      Tem alguns pontos na sua resposta, que eu não concordo de todo, por exemplo, quando você diz que só o pobre usa a bicicleta para trabalhar.
      Isso é relativo, o pobre mesmo vai trabalhar de ônibus e de trêm, de integração, tem seu bilhete único. O pobre que mora na baixada e trabalha no centro e na zona sul não pode se dar o luxo de ir trabalhar de bicicleta.
      Essa questão também de choque de classes é muito negativa. Não acho que em todas as boas iniciativas precisam necessariamente começar visando beneficiar o pobre especificamente. Especificamente quanto ao sistema bike rio, a iniciativa principal da prefeitura, penso eu, é trazer visibilidade ao sistema, e não existe lugar melhor para implanar isso do que a zona sul! Concorda comigo? Sabemos hoje que quem mais usa a bicicleta são os moradores da zona oeste, inclusive, salvo me engano, é lá que estão as maiores ciclovias úteis (aquelas que não se prestam somente ao lazer, como as da orla e dos parques do flamengo e lagoa, etc.).
      Então, considero que estamos caminhando bem para isso.
      Temos muito que melhorar enquanto sociedade, com certeza, temos que nos educar mais, e cobrar mais que as pessoas em geral respeitem as regras e nós para isso devemos ser os primeiros a dar o exemplo.
      Sim, fico bravo quando um ciclista anda sobre a calçada montado na bicicleta, e MUITO mais ainda quando é um motociclista!
      E no trânsito, acho que não precisamos de mais leis, o próprio CTB prevê a bicicleta como modal e os motoristas são obrigados a dar uma distância de 1,5m do ciclista e prevê, inclusive, penalidades para o próprio ciclista que anda na contramão e comete infrações. Portanto, é mais uma questão de educação e fiscalização.
      Em Londres eu fui me meter a pedalar na contramão e fui chamado à atenção imediatamente por um policial.
      Em Paris a bagunça é pior que aqui! Ciclistas andam na contra-mão, na calçada, motoristas jogam o carro encima mesmo, mas la pelo menos tem uma boa infraestrutura de sinalização de trânsito, que ajuda você a andar na linha.
      Nós não temos nem uma coisa nem outra, apenas uma lei que não se aplica e um povo mal educado nas duas pontas, tentando se equilibrar.
      Acho que a gente tem que trabalhar com isso, com a educação e exigindo mesmo do poder público que tomes medidas pensando principalmente na mobilidade do cidadão, antes dos interesses da indústria automobilistica e do petróleo.
      E se para isso tiver que contar com o patrocínio de bancos ou qualquer outras companhias, que seja, o sistema exige um investimento alto e um custo de manutenção também, para ele estar disponível para a população pelo preço que é (10 reais por mes), é necessário que haja um patrocínio, não precisa ser muito inteligente para verificar isso, não queremos também que o poder publico subsidie tudo! Eu não pagaria 100 reais por mes caso tirassem a marca do itaú da bicicleta! Prefiro continuar pagando 10!
      De qualquer forma, agradeço a oportunidade de manifestar, fico feliz com o apoio geral da iniciativa, pois acho muito boa mesmo, me faz sentir que o Rio finalmente está ficando próximo às grandes cidades modernas do mundo.

  3. Eu acho o sistema bem bacana e nem um pouco elitista.
    Em comparação com os seus modelos europeus, o Vélib (Paris) e Barclays (Londres), o nosso é bem mais humilde e democrático, porém, menos abrangente (mas tudo isso é perfeitamente justificável).
    Lá existem centenas de estações, aqui temos apenas 60! E isso até que é um bom número, para um sistema que foi implantado no final de outubro, ou seja, há menos de 6 meses, e em se tratando de Brasil.
    Em Paris e em Londres há toda uma questão cultural em relação ao uso da bicicleta como modal que nós infelizmente não temos. Lá os motoristas RESPEITAM o ciclistas. Não fecham o ciclista. Não buzinam para o ciclista.
    Lá também é mais fácil de pedalar, a maioria das ruas são de mão-dupla e não obriga o ciclista a andar constantemente pela contra-mão, ao contrário da nossa cidade.
    Além do mais, lá todas as grandes avenidas contam com faixas compartilhadas ou exclusivas para bicicletas. Aqui as ciclovias são para passeio e não se prestam para o deslocamento no dia-a-dia!
    Quanto ao patrocínio pelo Banco Itaú, realmente é exagerado, mas em Londres também é, inclusive, o nome do sistema lá é totalmente ofuscado pelo nome do banco que o patrocina (Barclays). De qualquer forma, e daí que o banco tá patrocinando? Não consigo entender qual é o problema nisso? A pessoa confundir que somente cliente do banco pode usar a bicicleta é bem pueril, há placas explicativas em todas as estações, bem mais simples e detalhadas do que as existentes em Londres e Paris, com certeza!!!
    Quanto aos problemas relatados aqui no sistema bike rio, confesso que, usando o sistema há pelo menos 3 meses, nunca tive problemas aqui no Rio, mas usando em apenas 3 dias em Paris e em Londres, tive problemas, como bicicletas com marchas desreguladas, e devolução não reconhecida na estação. Tive que ligar do Brasil reclamando com eles, fazendo ligação internacional, e nunca estornaram as 150 libras debitadas indevidamente no meu cartão de crédito… ou seja, problemas, até o 1o mundo tem! E o mais importante é cobrarmos as soluções, e exigirmos que o sistema seja ampliado e melhorado, pois a iniciativa é excelente!

  4. Na cabeça dos políticos que viajam a torto e a direita copiando ideias de outros países, é querer imitar o mesmo mecanismo da Europa, que acaba nunca dando certo. Pensamos e agimos diferente. Quando o poder pública perceber que somos brasileiros e não europeus, acho que as coisas, tende a melhorar. Havendo muita reclamação sobre projeto BIKE RIO, não farei de rogada, e entrarei com uma Ação Civil Pública ao MP para fazer um Termo de Ajustamento de Conduta para que esses problemas não venham ocorrer.

  5. Pois é, o sistema é complicado, demorado e elitista. Se não tiver cartão de crédito e um telefone por perto nada de passeio com a bike. Não tive pedalar porque só permitem uma bike por cartão de crédito. Como minha namorada não tem cartão e a bike não tem garupa, passeamos a pé mesmo.
    Além disso, achei o valor um pouco salgado, bem mais caro que uma passagem de metrô. Aposto que muitos podem preferir ir do Flamengo a Copa de metrô do que de bike, não acha?
    É um projeto legal, mas não deveria ser patrocinado por um banco, pois eles não vêm a bike como um veículo alternativo, mas como investimento.

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